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Você já viu um baralho de Tarô? Ele tem 22 cartas com nomes como: O Diabo, A Morte… parece até assustador. Mas, na verdade, não é não! Essas cartas trazem coisas muito mais ricas e interessantes do que percebemos à primeira vista. Essas cartas com nomes, são chamados Arcanos Maiores. Se existem os Arcanos Maiores, existem também os Arcanos Menores que são representados por 4 naipes, os mesmos das cartas de baralho comum. Coincidência? Acho que não! Na verdade, a história do surgimento das cartas de Tarô é bastante nebulosa e as tentativas de explicá-la são muitas. Seja como foi, quando e onde efetivamente o Tarô se originou, suas cartas receberam uma formatação consensual quanto aos seus arquétipos apenas no século XX.

O baralho completo do Tarô é composto por 78 cartas, assim dividido:

  • 22 cartas dos Arcanos Maiores – representam os arquétipos contidos no consciente coletivo da humanidade e da vida, isto quer dizer, que são universais, estão em todos nós ou faz parte de nossas vidas.
  • 40 cartas dos Arcanos Menores – representam as várias formas e maneiras dos Arcanos Maiores se manifestarem na vida cotidiana. São cartas numeradas do Ás ao 10, dos quatro naipes.
  • 16 cartas da Realeza – representam personalidades, qualidades internas, o comportamento dos arquétipos. São as cartas ilustradas como Princesa ou Pajem, Príncipe ou Cavalheiro, Rainha e Rei dos quatro naipes.

Você percebeu que a base do entendimento do Tarô está em uma palavrinha? ARQUÉTIPO! Se você não é da área da Psicologia, Filosofia, Teologia ou um esotérico talvez tenha alguma dificuldade de compreender o que ela quer dizer. Vou tentar explicar de uma maneira mais fácil, embora essa seja uma tarefa um tanto difícil, porque ela é recheada de significações.

Etimologicamente, apalavra “arquétipo” significa algo como “modelo original”, isto porque “arqué” vem do grego (arkhé) e significa principal, princípio e “tipo” que também vem do grego (tipos) e significa marca, impressão. Sei que não ajuda muito, mas sempre acho que é bacana sabermos de onde vem a palavra e seu significado.

De fato, a etimologia não é capaz de explicar sozinha essa palavra que foi trabalhada conceitualmente muito antes de Carl Jung.

O vilão, o bandido, o mocinho, o salvador, e por aí vai, são imagens arquetípicas. Quando assistimos a um filme, a um desenho animado, esses arquétipos saltam aos olhos. A construção de uma personagem é arquetípica. Os filmes mais interessantes são justamente aqueles que nos surpreendem ao inverter o modelo arquetípico: aquele que jurávamos que era o assassino (porque trazia todas as características físicas e comportamentais de vilão) é inocente! Essa é uma linguagem universal! Não importa se o filme é chinês, russo, iraniano, europeu, latino-americano, os arquétipos estão todos lá. Mas vamos combinar que nos filmes norte-americanos eles carregam demais nos arquétipos e costumamos dizer que chegam a ser caricatos!

Os arquétipos são basicamente isso, na sua essência de inconsciente coletivo. Está em todos nós, é de todos nós, não é exclusivo de uma pessoa, não é uma marca individual, é uma marca universal!

Por isso que os 22 Arcanos Maiores recebem esse nome, porque representam os arquétipos universais. Já os Arcanos Menores representam a manifestação desses arquétipos de acordo como cada um os percebe, eles carregam um conteúdo individual.

Voltando à etimologia, “arque” também significa arco, ângulo, mostrando que o arquétipo também pode ser entendido como uma “espécie de ângulo”. Isto porque, o arquétipo também pode ser individual. Nós compomos arquétipos dentro de nós a partir de nossas próprias experiências e vivências. Criamos imagens do que é bom e mau de acordo com o que internalizamos. Por exemplo, podemos achar um “tipo” de pessoa legal, porque ela possui características semelhantes a alguém de quem um dia tivemos em alta conta.

O olhar de quem está olhando é único e intransferível, este olhar carrega sua história e seus pressupostos individuais, criando seus próprios arquétipos.

O arquétipo, portanto, é universal e individual. Carregamos o inconsciente coletivo, como carregamos nosso inconsciente individual. Jung afirmava que a transformação de arquétipo acontece quando o tornamos consciente. Este é um trabalho de quebra de modelos, do “modelo original” sob a nossa perspectiva, sob nosso ponto de vista.

O Tarô carrega e transmite essa mágica, nos ajuda a acessar nosso inconsciente, transformar e transmutar aquilo que não sabemos bem o que é, mas que, vira e mexe, nos apoquenta, nos traz, ora um tanto de tristeza, ora um tanto de ansiedade; mas que nos desequilibra.

Se você deseja esse contato com seu mundo interno e, por vezes, sombrio; se você deseja ver sua vida psíquica repaginada, tenha no Tarô um grande aliado nessa jornada!

Magda