Seja prudente, afinal, quem tudo quer nada tem! Por que trocar o certo pelo duvidoso?
Não podemos questionar o valor da prudência: ela pode proteger nossa vida, pode nos salvar de enrascadas, pode garantir nossa segurança. Mas tem algo mais atrás desses ditados, eles nos levam a ter medo em ousarmos, em tentar algo diferente, em seguir um caminho novo.
Aqui vão algumas versões de como esses ditados ressoam em nossos ouvidos.
- Se você pensa em largar o emprego para focar sua vida profissional em algo que traz mais satisfação e realização, você poderá ouvir de alguém ou de você mesmo coisas como: você pode ficar sem nada, o mercado de trabalho está ruim, você não vai conseguir manter o mesmo padrão de vida. Depois que não der certo, não vão te querer de volta, como você vai conseguir se reinserir no mercado? Melhor ficar onde está, afinal, trabalho é assim mesmo, tem sempre algo chato, você se acostuma. Pensa no que ele possibilita para você e fique feliz com isso. Faça o que você gosta nas horas de folga e deixa essa ideia louca para lá.
- Se você começa a questionar o relacionamento (namoro ou casamento) – vozes internas começam a insistir (para as mulheres essas vozes são ainda mais perversas): você está louca?!? Acha que vai encontrar alguém melhor? Ele pode não ser muito bom, mas é melhor do que ficar sozinha! Você já não é novinha, se dispensar esse vai ficar sem ninguém. Toda relação tem problemas, é assim mesmo, mas pelo menos você terá alguém com quem envelhecer.
São apenas dois exemplos, mas poderiam ser muitos outros. Para cada escolha significativa na vida essa ideia de ficar a ver navios, traz muita angústia e dúvida, traz incerteza em fazer o que a alma clama ou atender o que socialmente é considerado prudente.
Toda escolha tem perda e ganho, mas a questão é: o que de fato estamos protegendo? A vida ou a vida que dizem que temos que ter? Será que não merecemos uma vida maior do que uma vida segura (com essa tal segurança propagada como único modo de vida)? Por que sempre há um quê de derrota e fracasso? Por que há tanta insistência em falar no que se perde e nunca no que se ganha?
Quando a gente se arrisca a ficar sem nenhum pássaro na mão, ganhamos liberdade de escolha, ganhamos autoconfiança, fortalecemos nossa intuição, traçamos uma vida mais alinhada com o que somos, tornamo-nos mais leves e relaxados, damos muito mais sentido às nossas ações. Ficar sem nenhum pássaro na mão é a possibilidade de celebrar a visão de muitos pássaros voando e se sentir um deles! Isso é pouco?