XII – O Pendurado
Consciente rende-se ao inconsciente!
Magda Kumara
Temos hoje um Arcano Maior, uma carta que simboliza um arquétipo universal e que apresenta aspectos essenciais para a vida, aspetos existenciais.
O Tarô tem muito nos falado sobre a mente oprimindo nossos impulsos internos, nossa essência. Essa mesma mente – que tanto apreciamos porque nos dá o contorno de nossa vida, define o nosso campo de atuação, nosso controle, nossa “segurança” – representa nosso ego, afinal, criamos mentalmente aquilo que acreditamos que seria nossa melhor performance na vida.
Mas, o Pendurado aparece para nos alertar para a importância de inverter esses valores, mudar o enfoque. A cabeça, que está sempre no alto, vir para baixo e os instintos, que sempre ficam embaixo, irem para o alto! Render a mente e, sem julgamentos nem preconceitos, deixar fluir as emanações do coração, com determinação e desapego. Esse ego precisa morrer, para dar lugar a um novo ser.
Observe a figura. Veja que esse homem está nessa posição porque um de seus pés está amarrado. O que nos amarra a fazer o que queremos, a ser o que desejamos, a fluir ao sabor do vento que nos excita? Nossas obrigações! Obrigações que nos auto-impusemos, que acreditamos ser nosso papel, nossas atribuições. Mas, o Pendurado nos lembra que nossa única e exclusiva obrigação é com nossa própria natureza. E o sofrimento está em ir contra ela.
Esta carta nos convida à transcendência, a ir além do flerte e estabelecer uma conexão forte e estreita com o que vem do nosso interior. Assim, podemos evitar velhos padrões de comportamento que nos levam a assumir o papel de vítima e de mártir. Sempre esperando e realizando pelos outros e nunca para si, num processo de autossacrifício, autorrenúncia e auto-abandono.
O Pendurado, com tudo isso, nos mostra que a vida é muito mais do que cumprir com nossa jornada material, a vida é muito maior do que nossa mente cartesiana pode conceber (veja carta de ontem). A vida é uma dádiva, é um presente divino que precisamos honrar num contínuo trabalho de nos tornarmos unos e mais próximos com nosso eu cósmico.