6 de Espadas
por Magda Kumara
Desistir não é fracassar
Se ontem o Tarô nos fez refletir sobre a validade de nossos projetos, hoje ele nos remete à necessidade de desistir. Taí uma coisa um tanto difícil. Desistir em nossa cultura virou sinônimo de derrota, de fracasso. Afinal, o sucesso é resultado da persistência. Então vamos tentar mudar um pouco nossa interpretação sobre desistir.
Desistir é abrir mão de algo, mas nem tudo de que abrimos mão é necessariamente bom. Desistir de brigar, desistir da mágoa, desistir de algo que é nocivo e traz sofrimento é muito saudável e positivo. Mas, para desistir é necessária uma boa dose de coragem.
Sempre que estamos imersos em uma situação – seja porque a construímos, seja porque fomos inseridos nela – nos obrigamos a vivenciá-la, nos sentimos responsáveis e acreditamos que é possível chegar a um bom termo. Tentamos, sofremos, insistimos até o nosso limite. É preciso coragem para reconhecer que não há mais possibilidade, que não há mais para onde ir. Mesmo com o coração pesado, desistir pode ser a melhor solução.
Desistir pode representar a tomada de consciência de que as condições não são adequadas, de que a realidade é outra, de que aquilo que se acreditou está mudado ou que se enganou.
Desistir é ter equilíbrio mental e moral de que não há mais ação possível. Ao desistir, abandona-se a tensão e descortinam-se novas perspectivas. Desistir de algo que nos é ou foi importante nem sempre é alegre, mas pode ser um ato de sabedoria e fé. Afinal, fazer a travessia nem sempre é fácil, mas pode ser uma etapa de evolução.