Rei de Espadas
Quem é que não sente o que os olhos não veem?
A expressão “o que os olhos não veem o coração não sente” no senso comum quer dizer: se você não souber de algo, não vai sofrer. O sofrimento está sempre associado ao coração. Bizarro, não?
Você já deve ter tido experiências de pressentir algum fato e confirmar depois. Nas mulheres isso é ainda mais comum! O nosso tão aclamado sexto sentido (que os homens também têm, com a mesma qualidade) nos sinaliza várias coisas e, quando menos esperamos, pimba!, na mosca! O acontecimento é uma comprovação do sentir, mas definimos que só isso é real, a percepção não vale. Quando acontece, temos um dado de realidade, uma realidade que o coração já sentia, mas a mente negava. A partir de então, os olhos veem, não podemos mais negar.
Por isso a pergunta, os olhos apenas comprovam o que o coração já sentia, mas quem precisa dessa comprovação é a mente, a mente e o ego. Com a prova vem um turbilhão de “emoções” (ou seriam pensamentos?): como puderam fazer isso comigo? não sabem com quem estão se metendo!, eu não merecia isso!, sou muito mais eu!, ele(a) não me merece! E por aí vai.
Se analisarmos nossos pensamentos-emoções veremos que existe amor próprio ferido em grande intensidade. Nossos ódios, raivas, rancores, mágoas vêm do ataque ao nosso ego, ao nosso orgulho. No dicionário Michaelis, a palavra orgulho significa: 1 Conceito muito elevado que alguém faz de si mesmo; altivez, brio. 2 Amor-próprio exagerado. 3 Empáfia, bazófia, soberba. 4 Ufania. 5 Aquilo de que alguém pode orgulhar-se. E a palavra ego significa: experiência que o indivíduo possui de si mesmo, ou concepção que faz de sua personalidade; em psicanálise, apenas a parte da pessoa em contato direto com a realidade, e cujas funções são a comprovação e a aceitação dessa realidade.
Um ataque ao nosso orgulho, ao nosso ego, representa uma tentativa de reduzir nossa importância, nosso significado. Aquela frase medonha: você sabe com quem está falando? é apenas o orgulho (neste caso, arrogância) falando mais alto. Aí, alguém vai gritar: orgulho é diferente de arrogância! Temos que ter orgulho do que somos! Bonito, mas pouco prático porque o orgulho é sempre mediado pelo outro. Amar a si mesmo não é, nem deve ser, sinônimo de orgulho. Pois, para se amar basta si próprio. Para alimentar o orgulho é necessário o aplauso dos outros, mas muitas vezes recebemos vaias. Quando vinculamos nosso amor próprio à aprovação do mundo, isso não é amor, é ego.
Para podermos ir além do ego, precisamos acessar nossa essência, sair da chamada zona de conforto – e de muito desconforto. É confortável apenas porque é conhecida e é o que achamos que esperam de nós, mas é imensamente desconfortável porque estamos fazendo grande esforço para mantê-la, ela não representa o que somos verdadeiramente. Gastamos tanto tempo e energia mantendo as coisas como nosso ego acredita que devem ser que, quando percebemos, envelhecemos, cansamos e não tivemos a vida que realmente nos fizesse felizes.
Você vai esperar chegar ao fim para constatar que deixou o ego comandar sua vida, ou vai assumir quem é e o que gosta agora mesmo? Tenha certeza de que se optar pela segunda alternativa, você se amará mais, atrairá amor verdadeiro e será imensamente mais feliz!
Magda Kumara
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