Ás de Ouros
“Vivemos num mundo materialista!” O que há de errado nesta frase? Afinal, o mundo em que vivemos é matéria, nosso corpo – ao menos neste plano – é matéria, a natureza é matéria. Portanto, é verdade que vivemos em um mundo materialista.
A problema está em olhar a vida apenas dessa forma, sob a ótica da matéria, e fazer de tudo para saciar as necessidades materiais; a invenção de necessidades materiais, o abuso e exploração para se alcançar uma vida material mais satisfatória. E, o pior, acreditar que a vida seja apenas o que a matéria pode prover.
Contudo, essa aversão pelo apelo materialista gera, muitas vezes, uma negação da matéria e tudo o que diz respeito a ela. O dinheiro passa a ser sujo, o conforto representa falta de espiritualidade, o cuidado com o corpo torna-se vaidade. Precisamos ter cuidado! A espiritualidade é fundamental, mas sem a fisicalidade não existimos, não neste mundo.
Além disso, nosso corpo é perfeito, a natureza é perfeita! E um e outro são tão similares e tão maravilhosos! Ah, a vida é realmente uma dádiva! Poder estar aqui e agora, receber este corpo, receber o dom da vida é um presente de nossos pais, ancestrais, de Deus, do cosmos ou seja de quem for. Estamos aqui, agora, na vida; respirando, sentindo, com nossos órgãos em pleno funcionamento e isso é prá lá de belo e divino.
Mas, esse corpo tem necessidades. Precisa de alimentos, precisa de água, precisa de higienização, precisa de aquecimento, precisa de tantos tipos de cuidados. Esse corpo repleto de sensualidade e erotismo precisa também do prazer, precisa de carinho, precisa de toque, de acolhimento, de afago. Esse corpo precisa de abrigo, precisa de descanso, precisa de exercício. Se esse corpo precisa de tanta coisa, não podemos negar a materialidade. E para poder oferecer tudo isso ao corpo, para sua sobrevivência, precisamos de recursos e, por isso, trabalhamos. Então, trabalhemos naquilo que, não só possa trazer esses recursos, mas que também possam gerar satisfação e realização.
Não podemos desperdiçar, maltratar, renegar aquilo que dá o contorno do que somos. Olhemos para os aspectos materiais (corpo, finanças, trabalho) e busquemos torná-los mais e mais integrados de nossa vida de maneira harmoniosa, sem cobiça ou avidez, mas também sem aversão e nem como obrigações e imposições sociais. Afinal,eles fazem parte da maravilha de estarmos vivos!
Magda Kumara
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