4 de Copas
“O Amor só dura em liberdade!” (Raul Seixas)
Quando conhecemos alguém que abala nossas estruturas, que faz nossos joelhos tremerem e parece a metade da nossa laranja, a tampa da nossa panela, logo imaginamos vivendo com essa pessoa, tendo nosso próprio espaço, dividindo nossas vidas e compartilhando nossos dias. Bem, nós mulheres costumamos, digamos que com uma certa frequência, fazer isso.
Toda essa expectativa, além de espantar a maioria dos homens, pode representar uma grande armadilha. Buscar a segurança emocional é o mesmo que tentar guardar a água em um pote: durante um tempo ela fica translúcida e preenche todo o recipiente, mas com o passar dos dias, a água fica turva, começa a evaporar, até que deixa de existir. A emoção não cabe numa caixa, não se submete aos anseios racionais, ela pulsa, ela vibra, ela precisa fluir.
E assim, quanto mais mecanismos criamos para garantir a segurança na relação, matamos, pouco a pouco, a emoção contida nela. Buscamos tanto o amor nas nossas vidas e, ao encontrá-lo, o enclausuramos, o amarramos, até matá-lo. Por que isso? Por que sacrificamos o amor em nome da segurança? E o pior disso é que essa mesma segurança mata o amor e, quando percebemos, não temos nem amor, nem segurança. Vale a pena?
Precisamos nos libertar dos apelos sociais e culturais que nos impõem de que apenas seremos felizes emocionalmente se tivermos uma relação nos moldes da propaganda de margarina. Nada no mundo, absolutamente nada tem garantia de permanência, quanto menos o amor. Vivê-lo, senti-lo, absorvê-lo é tudo que podemos fazer. E tem algo melhor?
Magda Kumara
T. (11) 9-8506.3117