7 de Copas

7 de Copas

Prazer não é compensação!

Há uns dias, li no Facebook um post sobre a saudade e que a melhor forma de lidar com ela é se distraindo: ir ao cinema, encontrar com amigos, ver televisão. Poderíamos ampliar com: jogar algo no computador ou celular, beber alguma coisa, comer, consumir drogas… Na visão do autor, a saudade é algo que nunca irá embora e que, por isso mesmo, provoca dor.

Logo que li esse post, fiquei incomodada: então a solução dos nossos problemas está na distração! Temos que nos distrair para não sentir as angústias, as tristezas, as ansiedades, os medos. E o que acontece quando a distração acaba?

A distração, nesse contexto, transforma-se em ilusão, porque ao se distrair você cria a ilusão de que o problema não existe, de que está livre dele. Mas, dura pouco e cada vez é preciso de mais uma dose de distração e essa busca pela distração vai se transformando em um vício. Todas as nossas atividades repetitivas e desenfreadas têm como objetivo nos tirar de nós, nos libertar daquilo que nos oprime internamente. Quantas pessoas deixam de dormir jogando ou assistindo televisão até altas horas. Quantas pessoas veem a comida, a bebida, as drogas fontes de prazer, do prazer que não conseguem ter.

Nessa tentativa de procurar e manter prazer de forma artificial, nos distanciamos ainda mais de nossa essência e, sem conhecê-la e entendê-la, não promovemos as mudanças internas, não compreendemos a fonte dos nossos sofrimentos.

Voltando ao post do Facebook,  me pergunto o que é a saudade a não ser a nossa dor pela ausência do outro? E por que sofremos essa ausência? Com certeza, não vamos deixar de sofrer nos distraindo, só deixaremos de sofrer se desapegarmos. Exercitar o desapego é uma das principais formas de reduzir nossos sofrimentos, afinal nada é permanente, tudo está em contínuo processo de mudança.

Que sejamos capazes de ter prazer e desfrutar o prazer pelo que ele é e não para servir de compensação da falta de alegria e contentamento em outros setores da vida, não para cobrir o buraco que porventura possuímos dentro de nós. Se assim for, será um processo de autodestruição.

Magda Kumara

T. (11) 9-8506.3117