O ser verdadeiro está escondido por trás dos medos.
XVIII – A Lua
A Lua é uma carta que traz algumas apreensões para quem a conhece. Isso porque ela não representa aquela lua bela e poética, esta Lua do tarô apresenta os aspectos obscuros em nós mesmos, nosso inconsciente que clama por ser expresso e reconhecido. Ele é um desconhecido para nós e provoca ao mesmo tempo atração e temor. Atração para conhecê-lo, encontrar as respostas para muitas perguntas, poder enfim se completar. Mas, por outro lado, ameaça o mundo conhecido e seguro, nossa “zona de conforto”, nos confronta.
Parte dos nossos temores em relação à Lua está no fato dela representar também nossa infância, nosso passado, especialmente aquilo que não queremos mexer, nem lembrar com precisão. É parte do nosso passado que quando acessamos, mesmo que incompletamente, sentimos mal-estar, aflição, irritação e todas as sensações desagradáveis. Tudo que queremos é escapar, nos livrar disso. Fugimos, fugimos para longe dessas lembranças ruins.
Portanto, assim como a lua tem seu lado que está sempre oculto de nós, nós também temos essa porção, que é nossa própria sombra.
Você já percebeu que quanto mais distante ficamos da luz, maior é nossa sombra projetada? É a mesma coisa que acontece com nossa sombra interna, quanto mais desejamos nos afastar dela, negá-la, maior ela se torna, mais ela nos assombra. Precisamos aceitá-la, iluminá-la e desvendá-la, pois quanto mais nos distanciamos dela, mais ela nos manipula e mais distantes ficamos de nós mesmos.
Encarar a própria sombra não é tarefa fácil! Quando fazemos isso sentimos muito medo, insegurança, fragilidade, vulnerabilidade. Encontramos todas as emoções do passado que ficaram ali justamente porque não quisemos dar muita atenção, afinal aprendemos que se não dessemos atenção a algo ele deixava de nos importunar. Mas o que acontece é o inverso disso.
Apesar de todo o mal estar proveniente desse contato com nossa sombra, só assumindo-a, com toda sua bagagem, poderemos nos reintegrar. Continuar a fugir significa continuar a ser assombrado. Quando o Tarô apresenta a carta da Lua ele está nos indicando que devemos transformar nossos medos em nossos maiores aliados. Conhecendo, entendendo, compreendendo como surgiram e, principalmente, acolhendo-os, eles vão pouco a pouco perdendo sua força e seu poder negativo sobre nós. Esse é um verdadeiro processo libertador!