18- A Lua

XVIII – A Lua

por Magda Kumara

Quem sabe a verdade?

Temos tanto medo de sermos iludidos pelos outros que fazemos de tudo para estarmos atentos, alertas e espertos. Mas, o verdadeiro perigo mora dentro de nós. Nós mesmos criamos nossas ilusões.

Deixe-me explicar melhor. Existe uma cultura que prega o quão negativo é ser ingênuo. A ingenuidade faz com que você seja enganado, que te passem a perna, que criem ciladas contra você. Por isso, aprendemos a dormir com um olho aberto e outro fechado, a observar e captar os interesses ocultos e nunca acreditar piamente no que é dito. O mundo é dos espertos. Use a cabeça! E assim, usamos demasiadamente a cabeça. Todas essas frases fazem parte de nossos pensamentos, nossa mente fica concentrada nas possíveis armadilhas que podem ser armadas contra nós. Usamos tanto a cabeça que negamos nossas outras impressões.

A intuição, os impulsos, o inconsciente possuem uma forma única de perceber os acontecimentos. Eles captam o que paira no ar, a energia emanada, a vibração. E, mesmo que não sejamos capazes de descrever em palavras, sentimos. É o que acontece quando conhecemos alguém e só de olhar, não vamos com a cara! Mas, a razão não sabe decifrar esses códigos e jogamos fora esse sentir, achamos que é besteira, que é fruto do medo, do desejo, da vaidade… De qualquer coisa, menos da verdade!

Assim, surge a ilusão. A ilusão sobre si e sobre os outros. A realidade é vista pelos olhos iludidos, desfocados, míopes. Sem usar todas nossas fontes de informação interna, vivemos num mundo irreal, numa fantasia.

A vida mutilada dessa porção intuitiva e divina provoca distorções na forma de ver o mundo, na forma de ver as pessoas e, infelizmente, na forma de ver a si mesmo. E nessa distorção, deixa de ver seus lados ocultos e escuros, que carecem de luz e de expressão. Quem nega seu inconsciente tem uma vida errante porque está negando seu próprio autoconhecimento.