Rei de Copas

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Paixão faz mal à saúde?

Li uma frase hoje que me instigou:”Em caso de paixão, use o cérebro!” Não sei se gosto dela, parte de mim diz que é isso mesmo, que a paixão tumultua, faz uma bagunça danada, revira nossa vida deixando-a de pernas para o ar e quando acaba, temos que arrumar tudo, colocar cada coisa em seu lugar e ficar com um gosto amargo de ter perdido algo, talvez tempo, talvez a sanidade, mas acho que principalmente sentimos que perdemos a chance de viver um novo amor. E aí está uma outra faceta da paixão, mas dessa eu gosto, ela nos lembra que estamos vivos, muito vivos! Ela nos sacode, nos faz sair da rotina emocional, ela desperta nossos sentidos, nosso desejo, não deixa nada dormindo, tira a sonolência e o torpor! Nesse sentido ela é maravilhosa!

Mas então, por que temos que usar o cérebro? Por que internalizamos que a paixão é perigosa? Que ao menor indício de uma paixão devemos ligar todos os sinais de alerta e apertar o botão de emergência? Por que temos que nos proteger racionalmente dessa erupção emocional? Quais perigos ela efetivamente traz?

Aprendemos que a contenção é o caminho do equilíbrio. Se formos capazes de conter nossos impulsos e desejos manteremos o foco, se conseguirmos conter as grandes ondas emocionais, evitaremos todas as adversidades trazidas por elas. Fortes emoções fazem mal a saúde! Para não haver sofrimentos devemos nos distanciar de todo gerador de desequilíbrio especialmente o maior deles: a paixão!

Os excessos nunca são saudáveis, isso é fato. Mas, no caso da paixão é como se ela sempre fosse demais e excessiva por natureza! Do jeito que lidamos com ela, acaba sendo mesmo, pois quanto mais tentamos contê-la, maior é o estrago. Basta observar a natureza: toda tentativa de contenção, tudo que demora muito para acontecer, quando irrompe provoca grandes estragos. É assim com as chuvas, com os terremotos, com os vulcões. Sempre, mas sempre mesmo, que seguramos demais algo, sem deixar saída, arrebenta tudo para extravasar! A panela de pressão é o melhor exemplo! E compreendemos isso, compreendemos quando se refere ao stress, ao cansaço, a todas as coisas que temos que suportar porque não gostamos e percebemos que nos fazem mal. Mas, com a paixão é diferente, porque partimos do princípio de ela é o mal a ser evitado! As emoções são perigosas! Optamos por prender fortemente o cão bravo a domesticá-lo, preferimos trancafiar na jaula nosso leão, matando-o de tédio e fome, a deixá-lo conviver tranquilamente com nossos outros atributos. Já sabemos disso também, mais perigoso é o bicho preso e mal tratado!

Desenvolvemos grande medo da paixão e esse medo é proporcional ao desconhecimento de nossas emoções, é proporcional aos vários bloqueios que seguram nossas emoções mais fogosas e espontâneas. Usar o cérebro é ato constante, integrar o racional e o emocional é nossa grande meta, sem que um se sobreponha ao outro. E de onde a gente tirou que o cérebro é mais seguro que a emoção? A paixão não machuca mais do que a repressão de nossas emoções! Deixando que esses nossos impulsos afetivo-sexuais se expressem mais livremente, a paixão torna-se menos ameaçadora e muito mais prazerosa. Pensemos nisso!

Magda Kumara

T.(11) 9-8506.3117