8 de Ouros

8 de Ouros

Desde os primeiros anos de vida somos bombardeados com a pergunta: o que você quer ser quando crescer? Algumas crianças são capazes de dar respostas super espontâneas e divertidas, mas por trás disso fica a mensagem residual: preciso saber o que eu quero fazer! Crescemos e esse questionamento nos acompanha. Sempre há aquela minoria que identifica o que gosta e segue na trilha. Para muitos, não há chance de grandes escolhas, a necessidade de recursos faz o cerco e é preciso trabalhar, ganhar dinheiro, seja onde for. Para aqueles mais afortunados, a escolha da profissão vem com o fim do ensino médio: que faculdade vou fazer? E para responder sempre aparece alguém para dizer que o mercado está mais aquecido nessa ou naquela área, ou para escolher a faculdade com vestibular menos concorrido (se não, vai ser difícil passar!), ou para dizer que “eu acho que isso é a sua cara!”. É tanta informação e expectativa que não facilita a escolha, mas ela é feita. Sobre qual base?

Esse processo pode acontecer também em outros aspectos na vida: nos relacionamentos afetivos, no sexo, na criatividade. Podemos ser tão permeáveis ao nosso meio, às crenças, aos preceitos sociais, aos nossos pais e família em geral, que ficamos contaminados sem saber qual é nossa verdade. Mas, com o tempo, o questionamento aumenta; aquela verdade parece ganhar forma e força, novas ideias brotam e começam a se desenvolver. As antigas atividades parecem pouco a pouco mais difíceis de tocar, a maneira habitual de viver parece perder o sentido, a vontade de mudar nossas vidas grita dentro de nós!

Em maior ou menor grau, todas as pessoas que assumiram uma trajetória descolada com sua verdade interior, em algum momento passam por esse processo de questionamento e de necessidade de dar novo rumo na vida. Mas, o apego às condições financeiras que agora possui, à carreira, à imagem criada no meio são, entre outras tantas coisas, obstáculos para a mudança. Acredita-se que está velho, que começar é coisa de jovens, que já passou o tempo, que tem muitas responsabilidades, que tem muita gente que depende dele, que isso é loucura, que a vida é feita de obrigações… e são tantas e tantas desculpas, tantas e tantas justificativas para nada mudar. Medo, medo de tentar, medo da frustração, medo da derrota. Pense nas pessoas que você conhece e quantas delas fazem realmente o que gostam? Quantas delas dizem que “se” alguma coisa em suas vidas tivesse sido diferente hoje seriam mais felizes? Quantas responsabilizam outras pessoas por sua situação atual? Quantas delas são cantores frustrados, atores frustrados, artistas frustrados, escritores frustrados? E quantas efetivamente tentaram fazer o que queriam? Para essas pessoas, é mais fácil responsabilizar o outro e o mundo pelas suas frustrações do que correr atrás dos seus sonhos e constatar que não é tão bom nisso quanto pensava. Essas frustrações tornam-se uma rede de proteção contra o risco de perder o sonho e o medo de não ter o que colocar no lugar. Cega-se e adapta-se a uma vida mais ou menos.

O que temos a perder? Pense honestamente nisso, o que temos a perder quando corremos atrás dos nossos sonhos? Podemos cair, sim, mas sabemos levantar! Podemos nos decepcionar, mas descobrimos que esse sonho era ilusão! Faremos nossa família sofrer? Claro que não! Aqueles que nos amam, nos querem felizes e para os pequenos será um exemplo prático de como conduzir a vida! 

Cuide, proteja e deixe vir à luz esse broto! Permita-o desabrochar! A vida é feita de recomeços!

Magda Kumara

T. (11) 9-85063117